Então, dando continuidade sobre o tema : Alemanha.
Vou tentar escrever aqui de uma maneira simples e bem direta o que realmente acho/sinto e penso quando o assunto é INTEGRAÇÃO.
Na minha opinião, uma boa integração só começa realmente quando ambos interessados se ajudam, ou seja eu enquanto "migrante" estou disposta a aprender, conhecer e respeitar a cultura alheia, assim também deve agir o meu "Acolhedor", elaborando-criando-discutindo projetos, cursos, métodos e alternativas para as pessoas que por algum motivo especifico (trabalho,estudo,casamento) decidem-se migrar e começar muitas vezes do zero, uma nova vida ou um novo conceito de vida. Essas pessoas (eu), chegamos cheios de sonhos, desejos, projetos, ansiosas para conhecer pessoas e assim plantar uma sementinha de amizade, sentir-se "acolhida" à sua nova "Heimatland" . Mas nem sempre todas as expectativas são correspondidas conforme o desejado-planejado-esperado. Aí, o bicho pega!!!
Novamente dando a minha opinião, nem sempre falar o idioma fluentemente garante que o processo de adaptação seja menos doloroso das outras pessoas que por algum motivo não chegarão AINDA nesse "nível" Além disso, o processo de adaptação não se resume apenas em : falar ou não falar.
É muito mais abrangente, além do o idioma, envolve comida, roupas, clima, forma de ser, agir e pensar dos nossos novos vizinhos, colegas de trabalho, professores, religião, costumes, música, características físicas e biológicas. A fluência no idioma ajuda, mas ela por si só, não garante a tal sonhada e desejada integração.
Uma coisa é certa, integração exige diversidade, exige diálogo, exige carinho-respeito-amor,exige compromisso, exige convivencialidade, exige uma relação(casamento) com o outro, com o meio e principalmente consigo mesmo. De certa forma, pode se dizer que é um "contrato" onde ambas as partes devem cumprir os seus direitos e deveres. Se houver o não cumprimento, é mais do que natural que conflitos surjam e gerem um baita desconforto em ambas as parte.
Integração é uma luta interior, que automaticamente se estende para o exterior. É preciso que este exterior esteja preparado para este acolhimento. caso contrário, haverá uma rejeição, frustração, medo, isolamento, depressão, raiva, conflitos. Viver e conhecer são mecanismo. Conhecemos porque somos seres vivos e isso é parte dessa condição. Conhecer é condição de vida na manutenção da interação ou acoplamentos integrativos com os outros indivíduos e com o meio, já dizia Maturana. Porque a integração só pode acontece quando o indivíduo e o seu meio conseguem interagir. Conseguem se comunicar, ensinando e aprendendo na mesma sintonia e freqüência. Sem esses " detalhes" a coisa não anda, não flui.
Enquanto nós (migrantes) fingirmos que estamos adaptados, e o governo fingir que tem interesse em investir em projetos que viabilizem uma boa integração, surgirão muitos e muitos Sarrazin's. Com seus livros cheios de rancor, racismo, anti-semitismo. Cheio de idéias mirabolantes e comparacöes absurdas!!!!
Já passaram-se mais de 66 anos da segunda guerra mundial, 22 anos da queda do muro de Berlin e unificação das Alemanha's Ocidental e Oriental, ainda assim é possível sentir que nem todos os "muros" foram derrubados. Os que existem não são mais de tijolos, mas os invisíveis que causam o preconceito e dificultam o processo de adaptação e integração de muitos de nós, migrantes.
Enfim, nesse quesito a Alemanha ainda não conseguiu livrar-se dos fantasmas de um passado, em que eu espero sinceramente que jamais volte a acontecer.